
Dentre várias situações tristes e dolorosas vividas por deslocados de guerra de Cabo Delgado, para além de perderem tudo nas mãos de terroristas insensíveis, outros ainda com trauma por conta destes ataques, famílias mortas, bens queimados, filhas e filhos raptados, esta população ainda sofre nos cuidados dos Centros de acolhimento aos deslocados de guerra por parte alguns líderes dos Centros em colaboração com alguns responsáveis do SEPPA. Estes, têm feito este povo indefeso que sobrevive de apoio como sua fonte de rendimento mensal.
Um grito inocente veio ao nosso Órgão, com uma vóz de medo e mãos atadas.
É doloroso, como o oportunismo nasce em toda e qualquer situação. Realmente aquele ditado que diz, “ o cabrito come onde está amarado, não é brincadeira no nosso país.” A coragem e a insensibilidade de algumas pessoas, é de cortar esperança de vida de outros.
Entre os dias 17 de Novembro a 22 de Dezembro de 2021, houve a primeira fase de registo de famílias dos deslocados de guerra de Cabo Delgado, em termos de saneamento. Entretanto, o QUARIA NEWS apurou que, uma das condições criadas nestes locais, é que as famílias tenham latrinas tradicionais, fontenárias de água assim como sistema abastecimento de água em todos os centros.
Desta forma, a nossa equipe de reportagem apurou que, nesta segunda fase, foram registadas pelo menos 13 mil famílias em todos centros de reassentamentos partindo de Massasse, Nicarágua, Ntele, Chipembe, Nanhupo, Namanumbir.
O QUARIA NEWS apurou ainda que, para todos estes Centros, foram identificados tão somente dois controladores (aqueles controlam os inquiridores durante suas tarefas, assim como os ajudar a tirar qualquer tipo de dúvida que existir sobre o trabalho), e 13 enumeradores, (os inquiridores nesse caso). “ temos falta de pessoal no trabalho. 13 inquiridores para 13 mil famílias por exemplo, isto é demais. Não teremos um bom trabalho dessa forma.” Disse a fonte.
QUARIA NEWS apurou ainda que, perante o percurso dos registos em todos os centros reassentamentos principalmente em Nicuapa, as famílias queixaram-se de falta de seriedade por parte dos líderes locais, designadamente os chefes dos Centro em coordenação com da SEPPA como explicou a fonte: “Aqui há muita fome enquanto existe apoio. Esses chefes do SEPPA e alguns destes que ao responsáveis do Centros não são sérios para nós. Tudo é um negócio. Se não garantimos nada a eles não teremos comida. Aliás nossos nomes não são colocados na lista de distribuição de alimentos. Até quando meu Deus.”
Estas duas entidades fazem o registo das famílias em forma de negócio. Consequentemente, existem famílias que foram registadas desde a sua vinda nos centros até então nada receberam.” Nós já fomos registados desde que chegamos, mas ainda nada recebemos. Alguns que connosco foram registados já recebem apoio. Isto porque não aceitamos fazer acordos com eles.” Acrescentou ainda.
Estas famílias sobrevivem graças ao apoio dado por parte das famílias que têm obtido o mantimento dado nos Centros, que por sua vez o têm recebido porque têm feito pagamentos para que os seus nomes apareçam na lista de distribuição. “Sobrevivemos porque temos tido apoio dos nossos irmãos deslocados que já recebem comida. Quer dizer, eles fazem pagamentos para que seus nomes aparecem na lista de distribuição. Porque sentem pena de nós têm compartilhado o que conseguem connosco. Agradecemos a Deus por isso.”
A fonte a acrescentou ainda:” não temos quem nos apoie. Acreditados os chefes grandes não sabem que estamos a passar mal nas mãos dos seus subordinados. Alguém nos ajuda por favor. Nos não temos onde ir, e nem podemos voltar para as nossas casas. Não pedimos é nem estamos a gostar de estarmos aqui. A quem é de direito que escute o nosso pedido de socorro.”
Existem várias crianças órfãs e indefesas, sem parentes nos centros. Estas passam a fome por falta de pagamentos para constarem na lista de distribuição. Aliás, outras não têm capacidade de se cuidarem sozinhas e não há quem as cuide nos centros.
Tudo por causa da importância do famoso suborno, dos chefes dos Centros e da SEPPA, porque têm se visto o camião voltando dos Centros com alimentação, faltando Famílias ainda por receber mantimento. A questão que se tem colocado por parte dos deslocados é para onde está sendo levada a alimentação com famílias que ainda não receberam mantimentos?
Entretanto, esta é mais questões colocadas pelos deslocados que vem seus direitos abusados e sem saber a quem recorrer.
Milda Quaria
Milda parabéns pelo jornal e muita força, vou ajudar na divulgação.
Acho que a ONG chama-se SEPPA e não SEPRA.
Obrigado
Obrigada Eugénio Patime pelo comentário produtivo. Já foi feita a devida correção. Abraços.
Milda parabéns pela iniciativa. Sucessos!
Obrigada
Parabens pelo seu trabalho, Milda.
O País precisa de iniciativas deste género – jornalismo investigativo que informa com isenção e pauta pela verdade.
É ainda gratificante saber que esta iniciativa provém de mulher guerreira e com fibra, como tu.
Que a sua ousadia tambem sirva para inspirar as outras mulheres, cada uma na sua área de actuacao, para que sejam mais empoderadas e acreditem nelas proprias.
Estamos juntos.
Obrigada!