HERÓIS NA LIXEIRA DE HULENE
PERMANECEM MENORES NA MAIOR “BOCARIA” À CEÚ ABERTO, LIXEIRA DE HULENE NOS SUBÚRDIOS DE MAPUTO, EXERCENDO O HEROISMO NA CATAÇÃO DE LIXO RECÍCLAVEL COMO VIA DE SUSBSISTÊNCIA FAMILIAR

Lixeira de Hulene á considerada, o cancro da cidade de Maputo, que compreende problemas
ambiental e social e que já demonstrou sua inseguridade quando dizimou cerca de 17 vidas,
aterrou várias casas e deixou cerca de 32 famílias sem teto em 2018, em consequência do
desabamento de uma montanha de lixo com mais de 7 metros de altura. Passado cinco anos após
a tragédia, apesar das promessas de encerramento durar desde 2009, é notório o pleno
funcionamento e com um crescente número de menores trabalhando na estrumeira como
“catadores”.
Os menores encontrados na maior “bocaria” a céu aberto, contam os motivos que lhes levam
para aquele ponto sebento.
É o caso da Maria, nome fictício, de 14 anos, residente no bairro CMC com os seus pais, que
disse ter o conhecimento da gravidade que possa ter naquele local. Acrescentando que: “comecei
a frequentar a lixeira recentemente para conseguir comprar roupas e cadernos para escola”.
A menina Júlia e José Mate, nomes fictícios, de 15 anos respectivamente, afirmam estar no local
com aprovação de seus progenitores, já há 3 anos, recolhendo lixo reciclável das 6 as 17 horas,
arrecadando diariamente uma média de 300 meticais, que serve de auxílio familiar e suas suprir
necessidades.
Não obstante, se de um lado existem crianças que dirigem-se àquele local, por livre vontade, por
outro lado, existem crianças que desejam estar longe da lixeira para gozar dos seus direitos como
crianças, mas não podem o usufruir, por serem obrigadas a trabalhar. São os casos de Jorge e
Frederico com apenas 12 á 13 anos, contam que frequentam aquele local, desde os 10 anos de
idade, por ordem de suas mães que as consideram crescidos o para ajudar com as despesas de
casa.

Entretanto, a situação dos dois meninos, correspondem a realidade de outras crianças no local,
que são obrigadas a substituir a escolas por latas e sacos nas costas. Uma realidade que é
conhecida por os que residem nas proximidades da lixeira.
Segundo uma fonte no Ministério do género Acção Social em Maputo, disse ao Quaria News,
ser do conhecimento da entidade, a existência de crianças na lixeira de Hulene, e que a maioria
dela, beneficia-se de apoio, mas sempre aquelas que acham insuficiente e voltam a exercer o
trabalho por forma a aumentar a fonte de renda.
Reconhecendo igualmente, a recepção de algumas denúncias de exploração infantil no local e
desmantelo de algumas dessas redes, assim como constatação de a maioria dos casos não serem
reportados devido ao medo que os menores têm e o conformismo de alguns adultos perante a
situação.
Essa situação denuncia o drama passado pelas dezenas de crianças naquele local que vivem
presas ao trabalho infantil e desumano nas enormes paredes de lixo. Todavia, enquanto se espera
que as entidades competentes cumpram com suas promessas de fechar a lixeira e criando fonte
de renda suficiente às crianças vulneráveis, que catam lixo como forma de sobrevivência, mas
menores, terão o seu futuro comprometido, quer pela busca de melhores condições ou pela mão-
de-obra infantil.
Não obstante, desde o incidente em 2018, as autoridades recebem diversos apoios para a gestão
de resíduos, com destaque para o Japão, mas o encerramento, porém, orçado em cerca de 110
milhões de dólares, não tem uma data prevista.
Por: Alfredo Armando